quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Indústria de bebidas mira o uso racional da água


Hoje a água é um recurso natural disponível, mas há previsões nada otimistas para o futuro que levam a indústria a repensar seus métodos.

A Ambev, que tem uma cervejaria em Agudos (19 km de Bauru), e a Spaipa, que produz refrigerantes da Coca-Cola em Marília (106 Km de Bauru) e tem uma unidade de água mineral aqui, são exemplos.

Maior fabricante de cerveja do país, a AmBev vai traçar este ano sua Water Foot Print, a “pegada de água”. A ideia é monitorar quanto do produto é gasto na cadeia de produção e racionalizar.

Nos últimos seis anos, a Ambev reduziu em 23% o consumo. Em 2008, foram usados 4,11 litros de água para cada litro de bebida contra 4,19 litros de 2007.

A redução no último ano significa volume não captado de 815 milhões de litros, suficiente para abastecer num mês uma cidade de 150 mil habitantes.

Meio ambiente é preocupação
A fábrica da Ambev de Agudos terá um investimento de R$ 184 milhões em 2010. Com isso, a filial terá sua capacidade de produção ampliada em 43%. Além da unidade fabril, a companhia também mantém na cidade um CDD (Centro de Distribuição Direta), que juntos empregam 802 pessoas.

A fábrica tem importância estratégica para os negócios da AmBev e abastece, além da região, os mercados de Paraná, Ribeirão Preto, oeste de Minas Gerais, Mato Grosso, e outras cidades do norte de São Paulo.

A água significa 95% da produção da cerveja.
“As unidades da Ambev procuram diminuir a necessidade de captação de água, reduzir o consumo de energia, aumentar o índice de reciclagem dos resíduos e diminuir a emissão de poluentes”, afirma o gerente fabril Fernando Maffessoni.

A companhia promove treinamentos sobre o tema.

Spaipa coleta água de chuva
A Spaipa passou por ampliação no ano passado. A filial passou a ter 45 mil metros quadrados em área e capacidade de produção para mais de 156 milhões de caixas de bebidas/ano.

Desde 2007 foi implantado sistema de coleta de água da chuva com previsão de economia de 1% a 2% no consumo mensal.

Hoje, o Sistema Coca-Cola Brasil utiliza 2,08 litros de água para cada litro de bebida produzido, incluindo o litro que vai dentro da embalagem, um dos melhores índices da indústria do mundo.

Há 12 anos esse índice girava em torno de cinco litros. O sistema segue política mundial para recursos hídricos baseada em três “Rs”: reduzir a água; reciclar e reabastecer as comunidades e a natureza.

Programa objetiva a qualidade do produto
Nos 16 fabricantes dos produtos da Coca-Cola no Brasil, além de Del Valle e Leão Junior, o Programa Água Limpa trata, entre outras coisas, da qualidade da água que é devolvida à natureza pelos fabricantes e da economia na utilização do produto.

Hoje, a capacidade de captação da chuva em todas as fábricas, incluindo a sede, é de 89 milhões de litros de água por ano.

Reaproveitamento na hora da limpeza
Na Ambev, toda a água proveniente da produção é reaproveitada em atividades como lavagem de tanques, garrafas e limpeza em geral. A água que enxagua as garrafas é aproveitada, por exemplo, para lavar os engradados. Na pasteurização, a mesma água usada para elevar a temperatura da cerveja é usada para resfriá-la, o que reduz a captação.

A empresa possui 37 estações de tratamento instaladas em suas fábricas nas Américas para devolver água limpa. Juntas, possuem capacidade para tratar 240 mil metros cúbicos de efluentes por dia - índice suficiente para abastecer uma população de 5,6 milhões de habitantes, semelhante a uma cidade que possui quinze vezes a população de Bauru.

No caso de Agudos, além do consumo de água abaixo da média anual da companhia, a unidade é uma das oito plantas de biomassa.
“O investimento da Ambev em energia limpa resultou em uma matriz energética calorífica constituída por 29% de fontes renováveis, o que diminui a emissão de gases causadores do efeito estufa. Nos últimos cinco anos, a redução no índice de emissão de CO2 foi de 35%, o equivalente ao plantio de 1,6 milhão de árvores”, conta o gerente.

Outra preocupação é com resíduos descartados. Em 2008, a companhia reaproveitou 98,2% dos subprodutos.

Ciesp alerta para escassez já próxima
A água é um recurso fundamental para a vida e o futuro dos negócios em um mundo que deve sofrer grandes modificações hidrológicas por conta das mudanças climáticas.

Até 2030, segundo as projeções de especialistas, 47% da população mundial estará em áreas de alto estresse hídrico.

O engenheiro agrônomo e coordenador de Meio Ambiente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em Bauru, Caio Cesar Passianoto, comenta que o problema não está tão distante do Brasil.

“Hoje estados como Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte já possuem uma baixa disponibilidade hídrica. E São Paulo, Rio de Janeiro e Piauí possuem uma disponibilidade hídrica suficiente, no entanto, na região metropolitana de São Paulo já estão ocorrendo problemas de escassez e vulnerabilidade, causados por um desequilíbrio entre a oferta e a demanda, agravados pelos elevados níveis de poluição”, comenta.


Manual
O Ciesp, juntamente com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de

São Paulo), editou um Manual de Orientações para o Setor Industrial referente a esse assunto, ou seja, a conservação e o reuso de água.

Encontram-se também abertas as inscrições para o Prêmio Fiesp de Conservação e Reuso de Água.

Pelo quinto ano consecutivo se incentiva a difusão das práticas que promovam o uso eficiente da água, resultando em redução do consumo e gerando benefícios ambientais, econômicos e sociais.

O envio dos projetos vai até 10 de fevereiro de 2010.


Prejuízos
Caio aponta que qualquer uso exagerado da água pode trazer prejuízos ao meio ambiente como um todo.

“O certo é que caso a sociedade como um todo não participe dessa mudança de hábito, certamente teremos algum reflexo na disponibilidade de água, seja pela falta ou pelo elevado custo que teremos para consumir o necessário”, diz.

A ONU calcula que, em 25 anos, 2,8 bilhões de pessoas viverão em regiões de seca crônica. Especialistas estimam que metade da água potável dos países em desenvolvimento é ilegalmente desviada ou desperdiçada.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Construção terá impulso milionário durante o ano

Financiamentos imobiliários com prazos mais longos, programa Minha Casa Minha Vida do governo, recuperação econômica com o fim da crise financeira internacional, além da expansão da renda e do emprego.

Tudo isso vai elevar em muito os investimentos da construção civil em Bauru em 2010 na esteira do crédito para a casa própria, que dobrou em 2009 e chegou a R$ 47 milhões em financiamentos no Brasil, segundo a Caixa Econômica Federal.

Só o Minha Casa, Minha Vida tem R$ 109,2 milhões em investimentos previstos com 2.228 casas ou apartamentos (veja mais no info). Anteontem, após expectativa de quase um ano, a prefeitura assinou os primeiros contratos para baixa renda – 400 apartamentos populares.
O SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) projeta um crescimento de 8,8% no setor em todo o Brasil.

Para o diretor regional da entidade, Renato Parreira, Bauru e região também terão esse desempenho. “É evidente que os recursos públicos como o PAC não chegam em nossa região com a mesma intensidade de grandes centros, mas pelo excelente desempenho dos financiamentos da Caixa somado ao de grandes empresas, mais os programas assistenciais, vai ser um excelente ano para construção civil.”

Após freio no emprego, cenário é positivo
O ano da crise – 2009 – foi ruim em Bauru para empregos diretos. Segundo o Ministério do Trabalho, o setor contratou 7.610 pessoas e desligou 9.002 – ou seja, o ano fechou com um saldo de menos 1.392.

Renato Parreira aponta que Bauru e Região sentiram bastante os reflexos da crise, repercutindo na taxa de emprego como no restante do país, mas prevê um ano melhor. “Acreditamos que a evolução dos empregos disponíveis vai acompanhar as taxas de crescimento do setor. Assim sendo, Bauru possui aproximadamente 10 mil trabalhadores formais e pelo menos 5 mil informais. Acreditamos que teremos em Bauru pelo menos 1,5 mil empregos e assim proporcionalmente para os informais.”

Imobiliário
Quem deve ajudar nisso são os financiamentos imobiliários. Segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), os recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) devem somar R$ 50 bilhões em 2010, dos quais R$ 30 bilhões para pessoas físicas e R$ 20 bilhões para construtoras: uma alta de 47% em relação a 2009.

Para você que lê esta matéria, a dica que parece óbvia, mas é preciosa: pesquise sempre qual a melhor opção de imóvel para sua condição atual. E com pés no chão.

BOM DIA pergunta; a Caixa responde
Quanto a Caixa liberou em crédito habitacional para Bauru e região em 2009?
R. A Caixa liberou R$ 529.624.000,00 na região de abrangência da Superintendência Regional.

Foram quantas moradias construídas em Bauru e região em 2009?
R. Foram contratados 15.342 financiamentos habitacionais.

Qual a previsão em 2010?
R. Igualar ou superar.

Abrangência

A Caixa informa que a população beneficiada com a liberação dos créditos habitacionais na região de Bauru atinge 61.850 pessoas. As metas são sempre de igualar ou superar os períodos anteriores.

Convém lembrar que Caixa Econômica Federal encerrou o ano de 2009 com a maior contratação habitacional de sua história. Segundo balanço divulgado durante a semana, a Caixa emprestou durante o ano passado 71% de todo o crédito imobiliário do mercado. O volume de financiamentos fechou em R$ 47,05 bilhões, dos quais R$ 14,1 bilhões foram destinados ao Programa Minha Casa, Minha Vida.

Vendas extraordinárias esperam ser superadas

Segundo a pesquisa interna da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), entidade que representa 138 mil lojas de material de construção no país, o varejo do setor apresentou um crescimento de 4,2% em 2009 em relação a 2008, atingindo um faturamento total de R$ 45,04 bilhões.

De acordo com a associação, no mês de dezembro, o crescimento em relação a novembro foi de 4,5%. Já em relação a dezembro de 2008, a alta registrada foi de 20%. “Sem dúvida, crescer 4,2% em relação a 2008, que foi um ano recorde para nosso segmento, se mostrou um resultado extraordinário”, comemora Cláudio Conz, presidente da entidade.

“Começamos o ano com retração de 15% no primeiro trimestre e tivemos uma melhora em março e abril, devido especialmente à redução do IPI ]Imposto Sobre Produtos Industrializados]. Daí para frente, fomos melhorando mês a mês.”

Cláudio Conz continua: “Em 2010, para um crescimento do PIB previsto em mais de 5% esperamos crescer acima de 10%.”

“Há aumento de renda da população. Em 2010, os números dos financiamentos habitacionais com recursos da poupança serão recordes, acima de R$ 40 bilhões, e assim, bem superiores aos R$ 30 bilhões de 2008 e 2009.”

Eduardo, 20: começando do zero
O agricultor Eduardo Ivan Pires, 20 anos, vai construir sua primeira casa e iniciou todos os procedimentos de pesquisa de preços.

“Vou começar do zero, corro atrás de tudo: cimento, cal, válvulas, areia. Vou gastar pelo menos R$ 8 mil agora, mas estou gostando dos preços”, diz enquanto é atendido na loja Bigolin da avenida Rodrigues Alves, quadra 14, Centro.

O mecânico Romualdo Cipriano, 39, encara o desafio de construir e reformar. “É que estou fazendo minha casa no Vista Alegre e ajudando minha mãe a reformar a dela, no Gasparini.”

Voz do comércio
Da quadra 16 da rua Bernardino de Campos, Vila Souto, o dono da loja Cimenfer observa: “Mesmo com janeiro chuvoso, o movimento vem crescendo.”

Mas Antonio Fernando Redondo, 41 anos, 12 de comércio, alerta para um efeito colateral desse impulso todo. “A indústria está um pouco saturada, já trabalha no pico. Se a demanda subir demais, a tendência é de aumento nos preços.”