Claro que na visão masculina é extremamente agradável ver uma bela mulher, ainda mais desconhecida, dançando nua de forma insinuante e sensual. Mas o que leva uma mulher a se expor assim?
A resposta mais óbvia é o dinheiro e em muitos casos realmente é só isso. Mas várias strippers também sentem o prazer e até mesmo a doçura recompensadora de sentir-se desejada e fazer alguém mais feliz.
Essa é a história pessoal que a escritora Diablo Cody, 30 anos, conta no livro “Minha vida de stripper” (Candy Girl, 2006). Diablo, ou Brook Busey, hoje é mundialmente conhecida depois de ter faturado o Oscar pelo roteiro do filme Juno (2007), mas antes teve que ralar como digitadora numa entediante agência de publicidade e depois como stripper em Minneapolis (EUA).
Mesmo pequena, 380 mil habitantes, a cidade é uma prova da força da indústria pornográfica dos Estados Unidos. A obra descreve dezenas de clubes de strippers, sex shops e peepshows (cabines de masturbação), todos na pacata Minneapolis.
Com muito humor e cinismo a autora, na época com 25 anos, conta suas experiências familiares junto o namorado Jonny e sua enteada Peanut, do trabalho monótono onde a maior diversão eram os chás de maçã e as atividades lúdicas nos clubes de diversão adulta como leilões de calcinhas, noites da camiseta molhada, lap dances (a stripper dança no colo do cliente), pole dances (a famosa dança do cano da novela) e outros passatempos não publicáveis aqui.
Diablo não precisava de grana. Chegou até ser promovida em sua agência. Mas ela não nasceu para fazer carreira e ser uma menina certinha. Ou, melhor dizendo, ela relata que foi criada para ser uma mulher católica, feminista e reprimida comum, mas, na sua visão, resolveu ser melhor dar um basta a essa chatice.
Numa das partes mais fortes do livro ela, já trabalhando como stripper, encontra um noivo a quem oferece uma lap dance. Ele responde “não ser sua praia”, que só estava na casa noturna porque um amigo o trouxe e que sua noiva não era tão bonita quanto às dançarinas do lugar, mas era uma pessoa boa e honesta.
A escritora resume bem a imbecialidade que isso significou. “Assim como as strippers se envergonham ao serem tachadas de imorais, putas de péssima reputação, nenhuma mulher ‘direita’ quer ser considerada somente um ser obediente, assexuado e saudável.”
Nos momentos hilários ela descreve o cotidiano da indústria do sexo. Como quando vai trabalhar no Sex World, um empório pornô de três andares que funciona 24 horas por dia e todos os dias do ano. Lá ocupa uma vaga como mulher em exposição numa cabine de peepshow. Sua função consistia em se masturbar atrás de um vidro para inspirar os tarados, solitários e bizarros de plantão com muito lubrificante. Nessa prática ela ficou com “inveja do pênis falso alheio”, isto é, de uma colega da cabine ao lado que tinha muito mais apetrechos eróticos do que ela para se masturbar.
Toda essa libertinagem, no entanto, no caso de Diablo escondia uma nerd insegura com sua aparência e que ao mesmo tempo ignorava os outros por se achar mais inteligente que a maioria. Quando dançava em clubes de strippers ela procurava vencer essas amarras, mas nunca se despia totalmente. Mesmo nua ela nunca dançava com entrega total.
Ela só encontra a paz quando conhece numa boate uma dançarina havaiana fantástica, uma verdadeira “mestre Jedi” do baixo-ventre. Ela percebe então o calor doce e carismático de algumas strippers, “aquela generosidade total de sexo e alma que fazia até o quadragésimo cliente da noite se sentir VIP.”
quinta-feira, 28 de maio de 2009
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