terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bradesco deve abrir 320 novas agências neste ano

Foto Cristiano Zanardi

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, 57 anos, confirmou que a instituição financeira mantém disputa para ser o maior banco do Brasil. Ele esteve ontem em Bauru no Circuito de Corrida e Caminhada da Longevidade Bradesco Seguros e Previdência no Parque Vitória Régia.
Em junho, o Bradesco comprou o banco Ibi, financeira da rede de lojas C&A, por R$ 1,4 bilhão. Luiz Carlos disse ontem que foi fechado um plano para usar essa capilaridade da rede de departamentos de vestuário. “Vamos incorporar mais de 20 milhões de portadores de cartão de crédito e montar 171 novas agências dentro das lojas C&A. O acordo operacional tem 20 anos”, conta.
Em 2009, o Bradesco tem a meta de criar 320 pontos de atendimento. Hoje são mais de 3 mil. Neste ano, o banco investirá R$ 3 bilhões.
No segundo trimestre deste ano, o Bradesco encerrou com R$ 482,4 bilhões em ativos totais, terceiro lugar no Brasil. Ativos são o total dos recursos que estão à disposição da empresa.

Setor bancário vive efervescência
O sistema bancário brasileiro viveu nos últimos meses uma onda de fusões que criou gigantes financeiros. O Itaú/Unibanco se tornou o maior banco do país em ativos após a fusão em novembro de 2008. São cerca de 4.800 agências e ativos de mais de R$ 575 bilhões.
No segundo lugar está o Banco do Brasil, que ainda em 2008 comprou a Nossa Caixa por R$ 5,386 bilhões. Em janeiro, foi a vez de comprar metade do Banco Votorantin por R$ 4,950 bilhões. Seus ativos atingiram cerca de R$ 553 bilhões e 3.155 agências.
O presidente do Bradesco disse que no momento não planeja outras compras de bancos. Os bancos brasileiros lideram o ranking das marcas mais valiosas no Brasil, segundo estudo da Brand Finance.
O Bradesco manteve a liderança com um valor de marca de R$ 16,265 bilhões.
O Itaú, que antes ocupava a sexta colocação, está agora na vice-liderança, com R$ 11,814 bilhões.

Para Trabuco, spread vai cair
Uma das maiores reclamações sobre os bancos brasileiros é em relação ao spread bancário, isto é, a diferença entre os juros que os bancos pagam para pegar dinheiro e as taxas que cobram do consumidor.
Quanto maior o spread bancário, maior é o lucro. O spread do Brasil é o maior do mundo e 11 vezes o dos países desenvolvidos. Hoje é de cerca de 27,4%, segundo a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
O presidente do Bradesco disse ontem que o spread deve cair no país. “Com a melhoria da economia brasileira o spread vai cair. A queda da taxa básica de juros e a competição entre os bancos deve ajudar nisso também”, comenta.
Custos são entrave ainda, diz executivo
Luiz Carlos Trabuco Cappi explicou que os spreads também têm dois componentes que poderiam ser revistos pelo governo. Na formação do índice são levados em conta a carga tributária (28%) e os depósitos compulsórios (mais de 40%). Na Inglaterra, por exemplo, o governo cobra 5% de depósitos compulsórios dos bancos.
O outro aspecto para a formação dos spreads é o nível de inadimplência.

Crédito já mostra sinais de recuperação
No ano passado no segundo semestre, a crise financeira mundial causou um freio na oferta de crédito no mundo. Luiz Carlos comenta que no Brasil os setores exportadores foram os mais prejudicados. “O crédito está se normalizando. Os bancos brasileiros têm muita liquidez”, diz.
Ele lembra também que em média apenas 31% da renda das famílias brasileiras está comprometida com crédito, ou seja, há um potencial muito grande para crescer o consumo interno.
O presidente do Bradesco projeta que nas próximas décadas o Brasil deve incorporar 100 milhões de brasileiros no sistema produtivo.
Ele cita também que mesmo num ano de crise o Brasil deve receber entre US$ 25 e US$ 28 bilhões. Ano que vem a estimativa é de US$ 35 bilhões. “O Brasil sai da crise econômica diferenciado. O mundo percebeu que o Brasil é diferente. Aqui existe mobilidade social. A Índia, por exemplo, tem um mercado gigante mas sua inclusão social é baixa”, afirma.
Sobre crédito habitacional, Luiz Carlos diz que o Bradesco deve entrar mais nesse mercado. “Com a tendência de redução da taxa básica de juros [hoje 8,75% ao ano], vamos dilatar mais o prazo, que hoje chega a 30 anos”, diz.

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