domingo, 15 de maio de 2011

Custo de vida sobe e o governo tem culpa nisso

O dragão da inflação voltou para atrapalhar o custo de vida das famílias brasileiras. Na opinião de especialistas, esse cenário de aumento de preços vai durar pelo menos até o ano que vem. As razões apontadas são várias, incluindo o dedo do próprio governo.


O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial de inflação do país, registrou variação de 6,51% no acumulado dos 12 meses, primeiro resultado superior ao teto da meta da inflação desde junho de 2005.



Segundo a economista Cornélia Nogueira Porto do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), os gastos com alimentação de maio do ano passado até abril deste ano subiram 9,55% e os de transportes 11,55%.

Entre as razões apontadas para o aumento de preços está o aumento do emprego nos últimos anos, que causou o crescimento da massa salarial e com ela o aumento da demanda, que a produção nacional nem sempre dá conta de atender. “Mas acima de tudo o aumento do crédito contribui muito mais, ou seja, o consumo das famílias se deu com aumento do endividamento através da oferta excessiva de crédito” analisa o economista e professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), José Nicolau Pompeo.

Para piorar, o maior consumo no país também veio num momento de entressafra da cana-de-açúcar, ou seja, faltou etanol e os preços nas bombas de álcool e gasolina subiram.



vilão/ Uma parte expressiva da culpa da inflação é do governo. Este ano, um dos principais vilões da inflação são os serviços e produtos com preços sob controle ou vigilância do governo, os chamados preços administrados, como impostos, energia elétrica, água e esgoto, telefonia, combustíveis e remédios.

O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, estima que a variação do conjunto de preços administrados neste ano seja de 4%. Por exemplo, neste ano a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) está aprovando reajustes até acima dos pedidos pelas empresas.

Os preços administrados são corrigidos pelo IGP-M ou IGP-DI e esses índices vem apresentando evoluções acima do IPC (inflação oficial do governo). Isso está ocorrendo porque o IGP-M tem um conteúdo de 60% do IPA (índice de preços ao atacado) e esse índice varia de acordo com a oscilação dos preços das commodities internacionais, como alimentos, minérios e petróleo, que estão batendo recordes de preços por causa da especulação e grande demanda da China.

O presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia), Heron Carlos do Carmo, explica que todos esses reajustes estão em contratos, portanto, são de difícil mudança. “O que o governo deve fazer é rediscutir todos os contratos quando chegar a renovação. Esse sistema de indexação precisa mudar, não há necessidade de reajustes todos os anos”, comenta.

Prevendo a dificuldade na renegociação de contratos, José Nicolau Pompeo sugere uma postura mais ativa do governo para aumentar a competitividade nos setores com preços administrados. “Para aumentar a competição nos setores teria que haver uma maior abertura da economia brasileira e o próprio governo teria que enfrentar os lobbies existentes nos setores”, afirma.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland de Brito, divulgou que o governo analisa como reduzir a indexação da economia. Ele, porém, garantiu que qualquer alteração não significará “ruptura ou rompimento de contratos”, que deverão ser alterados à medida de seus vencimentos.



CRÍTICA


“Preços administrados deveriam ter um reajuste maior só em desequilíbrios econômicos graves, uma espécie de gatilho’



Heron do Carmo

presidente do Corencon-SP
 
 
Consumidores se organizam e tentam combater
Elas lidam todos os dias com a inflação, mas não são economistas e nem participam do governo. Porém, as donas de casa reconhecidamente são craques nas técnicas de economizar dinheiro. Por exemplo, o Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais, que existe desde 1983, está se organizando para combater a volta da inflação. A presidente da entidade, Lúcia Pacífico, orienta a substituição dos produtos que tiveram alta significativa por outros similares. “No caso dos produtos de limpeza, por exemplo, a dona de casa pode procurar por marcas que tenham o mesmo princípio ativo, pois são sempre os mesmos em todas as marcas. O que muda é a embalagem, mais bonita e mais sofisticada”, diz.


Outro conselho é que as pessoas evitem empréstimos bancários e os crediários nas lojas, principalmente, se puderem adiar a compra de bens.

“É importante a mobilização de todos: governo, iniciativa privada, donas de casa, para que a inflação não volte, uma vez que ela é altamente danosa para todos. Os efeitos de uma inflação, nós já vivemos isso na década de 80, são altamente nocivos para os orçamentos domésticos. Isso não significa trazer expectativas negativas. Sem terrorismo”, observou Lúcia.

O professor de finanças pessoais Marcos Crivelaro indica que as pessoas devem ter primeiro a noção real de sua renda. “O salário real não é o bruto, mas sim o líquido descontado os impostos, os créditos consignados etc. Também desconte, em uma planilha, os custos fixos do mês e financiamentos. O que sobrar é o que pessoa pode gastar. Mas sempre vale a pena também poupar para emergências e planos futuros”, diz.

No dia a dia, ele lembra que pesquisar preços e comprar à vista com desconto sempre vale a pena. Ações como carona solidária, usar transporte público, almoçar em grupo para obter descontos ou trazer a comida de casa são outras dicas de ouro. (Com Agência Brasil)

3 comentários:

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