terça-feira, 6 de março de 2007

Jean Baudrillard est mort



A situação do império deflagra, não só no Islã, uma reação. Daí essa espécie de júbilo, de fascinação em relação ao 11 de setembro, é inegável. Podemos nos sentir espantados, transtornados, mas isso não impede essa coexistência no nosso imaginário do transtorno e do júbilo, mesmo naqueles que depois fizeram todo tipo de considerações morais. Não é racional, mas é algo profundo da ambivalência das coisas, nem se precisa ir muito longe na psicanálise. E nesse caso há uma espécie de extrapolação política, e há um aspecto psicológico também. As imagens do 11 de setembro são midiáticas. Elas fazem parte do acontecimento. É um momento, como o ato em si, instantâneo, e terá quase uma repercussão viral. E agora vemos o vírus asiático, as catástrofes, os acidentes - tudo isso, objetivamente, é terrorismo.
Mesmo uma catástrofe natural é terrorismo. A natureza é destruída, domesticada, explorada e, de vez em quando, ela se vinga. Racionalmente, isso não tem sentido, mas, simbolicamente,sim. O terrorismo é epicentral. E, depois, tudo o que se produz e que desestabiliza um poder qualquer se torna terrorismo.
O próprio poder faz essa dedução, pois tudo que o ataca é designado como terrorismo. Em vez de se dizer que é uma contestação política ou algo parecido, é mais simples definir como terrorismo.
Fala-se em eixo do mal, quando as coisas são bem mais complicadas. Não há um eixo, mas um paraeixo, o eixo que passa mesmo no centro da superpotência. Não é mais um eixo, mas uma nebulosa do mal. É preciso exterminar tudo, se se quer resolver o problema.

Nenhum comentário: