sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Skaf muda discurso e quer menos spread bancário
Em visita ontem na região, o presidente do Ciesp/Fiesp (Centro e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, deixou um pouco de lado a velha queixa do empresariado - o índice exagerado da taxa básica de juros - e resolveu criticar violentamente o spread bancário, isto é, a diferença entre os juros que os bancos pagam para pegar dinheiro e as taxas que cobram do consumidor.
Para Skaf há espaço para o Banco Central reduzir mais a Selic, hoje em 8,75%, porque com uma inflação de 4,3% o juro real atinge também mais de 4%, enquanto o de países em desenvolvimento é próximo de zero. “Mas muito mais grave que isso hoje são os spreads bancários. Cobram perto de 30%, é um absurdo”, afirma.
Quanto maior o spread bancário, maior é o lucro. O spread do Brasil é o maior do mundo e 11 vezes o dos países desenvolvidos. Hoje é de cerca de 27,4%, segundo a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Compulsório é polêmica
A queixa sobre o spread bancário é grande porque torna mais caros os empréstimos das instituições financeiras.
Em entrevista em agosto o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, se defendeu sobre o alto valor dos spreads alegando que ele é formado por três fatores - o nível de inadimplência, tributos e principalmente os depósitos compulsórios, isto é, a obrigação dos bancos comerciais e outras instituições financeiras a depositarem, junto ao Banco Central, parte de suas captações em depósitos à vista ou outros títulos contábeis. Trabuco afirma que no Brasil o compulsório ultrapassa 40% enquanto em países como a Inglaterra é de 5%.
Questionado sobre isso Paulo Skaf disse ontem que os compulsórios são motivo para spread tão altos. “Mesmo sem compulsório o spread continuaria alto. É um mal que precisa ser combatido urgentemente”, fala.
‘Retomada é consistente’
A indústria da região de Bauru foi a 2 que mais contratou em setembro atingindo alta de 1,81% com a contratação de 450 trabalhadores.
Na média estadual, o índice subiu 0,2% com ajuste sazonal, após voltar ao “nível zero” no mês anterior, e deixou para trás uma série de doze baixas seguidas.
Para Paulo Skaf isso é mostra de uma “retomada consistente” da indústria paulista depois da crise financeira mundial. “O pior ficou para trás. Os únicos setores que ainda não se recuperaram são os exportadores porque os clientes lá estão comprando menos e o real está sobrevalorizado. Os demais são 80% da produção brasileira e estão já se recuperando. A expectativa é que o Brasil cresça de 5% a 6% em 2010”, comenta.
Diminuição de jornada é criticada
No Congresso se discute atualmente a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 231/1995 que propõe que os brasileiros deixem de trabalhar 44 horas semanais e dediquem-se 40 horas à atividade produtiva.
O presidente do Ciesp/Fiesp é contra. “Em outros países em que isso ocorreu não houve geração de empregos. Além do mais, um projeto como esse só deveria ser discutido depois das eleições”, afirma.
Cobrança de IOF na Bolsa é apoiada
A cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nos investimentos estrangeiros em renda fixa e na bolsa de valores, em vigor desde a terça-feira, tem sido criticada por especialistas, que questionam sua real eficácia sobre o câmbio.
A taxação de 2% sobre o ingresso desses capitais foi anunciada na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O presidente do Ciesp/Fiesp, Paulo Skaf, defendeu totalmente a taxação do IOF. “O dólar no Brasil está barato, isso artificialmente encare as exportações. Alguma precisava ser feita para mudar isso. Os investimentos produtivos que geram emprego e renda vão continuar entrando na Bolsa brasileira. O que vai ficar mais desestimulado é o investidor de curto prazo, o especulador”, comenta.
Ele, porém, diz acreditar que a taxação do IOF vai apenas diminuir um pouco o problema, isto é, o grande fluxo de dinheiro externo que entra no Brasil ainda vai forçar o real a continuar alto. “O ideal seria a criação de medidas compensatórias. Por exemplo, os exportadores que tem créditos fiscais deveriam receber dos governos mais apoio”, diz.
O principal argumento é de que a alíquota de 2%, além de não ser suficiente para segurar a valorização do real, poderá prejudicar o acesso das empresas ao financiamento externo.
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