O imortal do Bom Fim, como brincava para falar de si mesmo, morreu por volta da 1h de ontem aos 73 anos . O escritor gaúcho Moacyr Scliar estava internado, após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral), no Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Ele não resistiu e teve falência múltipla de órgãos.
O escritor nasceu no Bom Fim, bairro que concentra a comunidade judaica de Porto Alegre. Tive o prazer de entrevistá-lo na 2 Bienal do Livro de Bauru, em 2003. Ele tinha acabado de ser eleito para a ABL (Academia Brasileira de Letras), mas fazia questão de dizer com humildade que devia muito a sua origem.
“Nossa família e a comunidade se reunia para contar e ou vir histórias no bairro. Aprendi muito com isso e quando comecei a escrever gostava de ser chamado de o escritorzinho do Bom Fim”, disse na época.
Médico /Mas Moacyr começou sua vida adulta com outra paixão, a medicina. Se formou em 1962 em medicina e especializou-se como médico sanitarista, experiência que ele também ressaltava como muito importante na carreira de escritor.
Seu primeiro livro veio desse trabalho: “Histórias de um Médico em Formação”, em 1962. A partir daí não parou mais: publicou mais de setenta livros, entre crônicas, contos, ensaios, romances e literatura infanto-juvenil, além de crônicas em jornais.
Scliar ganhou quatro vezes o Prêmio Jabuti – a mais recente, em 2009, com o romance “Manual da paixão solitária”. Também venceu com os romances “Sonhos Tropicais” (1993) e “A Mulher que Escreveu a Bíblia” (2000) e com o conto “O Olho Enigmático” (1988).
‘Max e os felinos’ virou polêmica em 2002
Em 2002 Moacyr Scliar se envolveu em uma polêmica com o canadense Yann Martel, cujo famoso romance “A Vida de Pi”, vencedor do prestigioso prêmio Man Booker, foi acusado de ser um plágio da sua novela “Max e os felinos” (1981), que conta a história de um jovem judeu que sobrevive a um naufrágio e divide um bote com uma pantera.
Em 2002 Moacyr Scliar se envolveu em uma polêmica com o canadense Yann Martel, cujo famoso romance “A Vida de Pi”, vencedor do prestigioso prêmio Man Booker, foi acusado de ser um plágio da sua novela “Max e os felinos” (1981), que conta a história de um jovem judeu que sobrevive a um naufrágio e divide um bote com uma pantera.
No livro de Martel, um jovem indiano escapa de um naufrágio e divide um bote com um tigre.
O caso nunca foi provado e Scliar dizia não se importar muito. Preferiu continuar escrevendo vários livros sobre a imigração judaica no Brasil, religião, o socialismo, a medicina e a vida da classe média.